A vocação à Vida Religiosa Consagrada é um apelo para a vida de intimidade com Deus. É um apelo para seguir mais de perto a Jesus Cristo. A sequela Christi é a regra fundamental da vida de cada cristão e, sobretudo, da vida dos religiosos; isto porque, os religiosos imitam a Cristo mais de perto, sob a ação do Espírito Santo. Por conseguinte, o Catecismo da Igreja Católica, n. 1618 diz que: «Cristo é o centro de toda a vida cristã. O vínculo com ele tem precedência sobre todas as outras ligações e obrigações, familiares ou sociais».
Assim, a consagração religiosa, por meio dos Votos, é configuração a Jesus, e compromisso efetivo com a missão de anunciar o evangelho. Deste modo, a pessoa ao ser consagrada entrega-se a Deus e dedica-se ao seu serviço. Outrossim, consagrar da parte de Deus remete ao fato Dele relacionar a pessoa intimamente a si, e da parte da pessoa remete ao fato dela entregar-se a Deus, permitindo que Ele transforme seu ser para conformá-lo ao Filho Encarnado. O seguimento de Jesus na Vida Religiosa Consagrada abarca a pessoa na sua totalidade, pois se torna o seu projeto de vida que abrange toda a sua existência. Pois, pelos votos segundo Lumen Gentium n. 44: «o cristão entrega-se totalmente ao serviço de Deus sumamente amado, de maneira que por um título novo e especial fica destinado ao serviço do Senhor».
O Cânon 573§1 do Código de Direito Canônico diz que: «a vida consagrada através da profissão dos conselhos evangélicos é uma forma estável de vida com a qual os fiéis, seguindo a Cristo mais de perto pela ação do Espírito Santo, consagra-se totalmente a Deus, amando acima de todas as coisas […]». Em outras palavras, a Vida Religiosa contempla a consagração a Deus, a sequela Christi, a profissão dos Conselhos evangélicos de Castidade, Pobreza e Obediência e a participação na vida e na missão da Igreja enriquecido pelo Carisma da Congregação.
O segundo parágrafo do cânon 573 diz quais são os conselhos evangélicos: castidade, pobreza e obediência, que encontram seu fundamento na vida e nas palavras de Cristo. Segundo Lumen Gentium 43: «os conselhos evangélicos de castidade consagrada a Deus, de pobreza e de obediência, visto que fundados sobre a palavra e o exemplo de Cristo e recomendados pelos Apóstolos, pelos Padres, Doutores e Pastores da Igreja, são um dom divino, que a mesma Igreja recebeu do seu Senhor e com a Sua graça sempre conserva».
A Castidade por causa do Reino de Deus é vista ao longo dos séculos com estima pelos cristãos; porque é um sinal e um estímulo para a caridade pastoral e uma fonte fecunda de espiritualidade no mundo. Sobre esse ponto a Lumen Gentium n. 42 se expressa da seguinte forma: «[a castidade é] dom da graça divina que o Pai concede a alguns (cfr. Mt. 19,11; 1 Cor. 7,7). Esta continência perfeita, abraçada pelo reino dos céus, foi sempre tida em grande estima pela Igreja, como sinal e incentivo do amor e ainda como fonte privilegiada de fecundidade espiritual no mundo».
Como se pode notar, a castidade é o resultado de um dom gratuito, que é a expressão de um carisma dado por Deus à pessoa para a implantação do Reino. Então, o que dá sentido à Castidade é o amor à pessoa de Cristo e o interesse pelo reino, como também se expressa a Perfectae Caritatis n. 12, quando diz: «a castidade «por amor do reino dos céus» (Mt. 19,12), que os religiosos professam, deve ser tida como exímio dom da graça. Liberta de modo singular o coração do homem (cfr. 1 Cor 7,32-35), para que mais se acenda na caridade para com Deus e para com todos os homens. É, por isso, sinal dos bens celestes e meio aptíssimo pelo qual os religiosos alegremente se dedicam ao serviço de Deus e às obras de apostolado». Como se vê, a castidade é apresentada pelo Decreto conciliar como um dom que liberta o coração do homem para dedicar-se com ardor sempre maior à pastoral e para conduzir a sua vida afetiva de forma abrangente e equilibrada.
O cânon 600 apresenta o conteúdo do conselho evangélico de pobreza: «o conselho evangélico de pobreza à imitação de Cristo, que sendo rico, por nossa causa se tornou pobre, para além de uma vida pobre na realidade e em espírito, laboriosamente vivida em sobriedade e alheia à riqueza da terra, importa a dependência e limitação no uso e disposição dos bens segundo as normas do direito próprio de cada instituto». Assim, tal conselho evangélico é uma escolha de vida, uma opção de imitação de Cristo, que para nós se fez pobre, se esvaziou (kenosis) (Fl 2,6-11) sendo rico, como expressa a Segunda Carta aos Coríntios 8,9, se fez pobre para nos enriquecer. Além disso, Ele na Cruz, na sua pobreza, nos enriqueceu com a plenitude da vida nova, no dia de páscoa, vencendo a morte mediante a ressurreição (cf. João Paulo II, Redemptionis Donum, 1984,n. 12). O cânon também fala em dependência no uso e disposição dos bens, conforme a lei própria do Instituto, para que os mesmos sejam usados de forma sóbria, em benefício da fraternidade e do bem comum do Instituto, como também para o bem e a missão da Igreja. Além disso, num mundo marcado pelo consumismo, a vivência do voto de pobreza será um sinal que é possível viver sem o supérfluo, mas somente com aquilo que é necessário e sustentável.
O conselho evangélico de obediência é disposto pelo cânon 601 da seguinte forma: «o conselho evangélico de obediência, assumido em espírito de fé e de amor no seguimento de Cristo obediente até a morte, obriga à submissão da vontade aos legítimos Superiores, que fazem às vezes de Deus, quando mandam segundo as próprias constituições». Portanto, a obediência implica a oblação da vontade para confiar-se em Deus. A vivência de tal conselho evangélico implica submissão à vontade do superior legítimo, que está a serviço do bem comum, quando ordena com base nas constituições, com espírito de fé e de amor, no seguimento obediente de Cristo até à morte; isso porque, como diz o cânon 619, o superior exerce a função de mediador. Os religiosos obedecem a Deus em primeiro lugar e, ao mesmo tempo, procuram, com os membros da congregação, fazer acontecer a vontade de Deus em comunidade e na missão.
Com a profissão dos votos, os membros dos institutos de vida consagrada assumem uma condição jurídica de estabilidade na Igreja. Esta estabilidade dá-se antes de tudo com a profissão dos conselhos evangélicos (cân. 573), feita de forma pública (cân. 654); em segundo lugar, com a vida fraterna, para a qual os «membros estão reunidos em Cristo como uma família particular» (cân. 602); em terceiro lugar, pelas normas e pelas constituições próprias, isto é, pelo direito próprio (cân. 587), seguem a Cristo mais de perto, implemento o projeto dos fundadores e Carisma da Congregação, colaborando assim para a edificação da Igreja e a salvação do mundo.
Enfim, os votos religiosos têm um caráter de oferenda, de entrega e de consagração para pertencer a Deus de forma exclusiva (cf. João Paulo II, Redemptionis Donum, 1984,n. 7). Assim, seguindo o exemplo de Cristo que se doou totalmente para a salvação da humanidade, a Vida Religiosa desde Santo Antão (251-356) é marcada pela entrega radical ao Senhor. Tal entrega se manifesta em especial na vivência dos conselhos evangélicos de pobreza, castidade e obediência, que têm seus fundamentos na vida de Cristo. Eles são uma condição de vida, um modo de ser cristão e viver evangelicalmente. A profissão dos votos é uma declaração pública, diante da comunidade, onde o religioso responde a sua vocação e compromete-se diante da Igreja a se configurar com Cristo, pobre, casto e obediente.
Comunicados:
– 17 de abril – Aniversário natalício do Prepósito Pe. Manoel Rosalino Pereira Rosa, parabenizamos pelo seu aniversário natalício e que a graça e a bênção de Deus sejam abundantes em sua vida.
– Com alegria, depois de alguns anos sem noviciado, teremos a primeira profissão dos votos religiosos do Noviço Kaian Patrick Domingues Dias, no dia de13 abril na Paróquia São Sebastião de Ortigueira, 19h.
– 19 de abril – aniversário da ordenação Presbiteral do Pe. Rogério Diesel, parabenizamos pelo aniversário de ordenação e desejamos um fecundo e abençoado ministério.
Uma boa e abençoada Semana Santa a todos.
Fraternalmente,
