A celebração da Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos, no hemisfério Norte, ocorre tradicionalmente entorno de 18 a 25 de janeiro, conforme sugerido pelo Pe. Paul Wattson, um anglicano convertido ao catolicismo, que iniciou a Oitava pela Unidade dos Cristãos em 1907 e foi um grande incentivador dessa semana especial de oração. No hemisfério Sul, como janeiro é geralmente um período de férias, as Igrejas optaram por celebrá-la em torno da Solenidade de Pentecostes, conforme sugestão do Movimento Fé e Constituição em 1926. (cf. Dicastério para a Promoção da Unidade dos Cristãos e Comissão Fé e Constituição do Conselho Mundial de Igrejas, 2025, in ULR: < https://www.oikoumene.org/sites/default/files/2024-05/2025-WPCU-PT.pdf>).
A Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos, em nosso hemisfério, acontece entre a Ascensão do Senhor e o Pentecostes. Esse período faz memória da comunidade dos Apóstolos e de Maria, reunida em oração em Jerusalém (cf. At 1,14), à espera da vinda do Espírito Santo, que a confirmou na unidade e na missão universal de anunciar Cristo ao mundo. Dessa forma, os cristãos buscam cumprir o mandato de Jesus: pregar o Evangelho a todas as nações, fazendo discípulos Dele entre os que abraçam a fé (cf. Mt 28,16-20).
A Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos é um momento especial em que, a cada ano, fiéis de diferentes denominações cristãs são chamados a se unir em oração, num mesmo espírito, pela unidade de todos os que invocam o nome de Jesus e desejam ser seus discípulos. Essa oração torna-se, assim, um elo espiritual que aproxima os irmãos ainda separados.
O Papa Leão XIII, no Breve Provida Matris, de 5 de maio de 1895, sobre a devoção ao Espírito Santo, e na Carta Encíclica Divinum Illud Munus, de 9 de maio de 1897, sobre a presença e a admirável virtude do Espírito Santo, exorta os cristãos católicos, especialmente durante a novena em preparação para o Pentecostes, a rezarem pela gradual promoção da reconciliação e da unidade com os cristãos que se separaram. Assim, à semelhança de Maria e dos Apóstolos reunidos no Cenáculo (cf. At 1,12-14), os cristãos são chamados a se unir em oração, na expectativa do Espírito Santo, pedindo a graça da unidade entre todos os discípulos de Cristo.
O Papa João XXIII, em 25 de janeiro de 1959, na conclusão da Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos, fez o primeiro anúncio do Concílio Vaticano II, por meio do qual, além de refletir sobre a Igreja, buscou promover a unidade dos cristãos. Na Encíclica Ad Petri Cathedram, de 29 de junho de 1959, sobre o conhecimento da verdade, a restauração da unidade e a paz na caridade, pede que os cristãos intensifiquem suas orações pela unidade dos mesmos. Posteriormente, no Decreto sobre o Ecumenismo do Concílio Vaticano II, Unitatis Redintegratio (1964), esse objetivo aparece claramente já no número 1, onde se afirma que: «promover a restauração da unidade entre todos os cristãos é um dos principais propósitos do sagrado Concílio Ecuménico Vaticano II. Pois Cristo Senhor fundou uma só e única Igreja. Todavia, são numerosas as Comunhões cristãs que se apresentam aos homens como a verdadeira herança de Jesus Cristo. Todos, na verdade, se professam discípulos do Senhor, mas têm pareceres diversos e caminham por rumos diferentes, como se o próprio Cristo estivesse dividido. Esta divisão, porém, contradiz abertamente a vontade de Cristo, e é escândalo para o mundo, como também prejudica a santíssima causa da pregação do Evangelho a toda a criatura». Ao longo do tempo, a graça do Senhor foi derramada sobre os cristãos de diversas denominações, impulsionando-os a buscar a unidade pela qual Cristo orou: «que todos sejam um, como tu, Pai, estás em mim e eu em ti, para que também eles estejam em nós» (Jo 17,21). Esse desejo de Cristo favoreceu o surgimento do movimento ecumênico.
A Igreja é ícone da Trindade, o povo reunido na unidade do Pai, do Filho e do Espírito Santo. A fé é o princípio da unidade, tanto interior quanto exterior. Crer na mesma verdade está em conformidade com a unidade concreta da Igreja que se manifesta de forma tríplice: na confissão da fé, na celebração litúrgica comum e na concórdia fraterna da família de Deus. Essa realidade também se expressa na missão do bispo como ministro da doutrina, da santificação e da direção. Na Ceia de despedida, Jesus rezou pela unidade dos discípulos: «que todos sejam um» (Jo 17,21). A Igreja é a extensão, na história, da vida íntima da Trindade, isto é, da unidade incomensurável de três Pessoas. Por isso, a unidade da Igreja não é sinônimo de uniformidade. (cf. Antônio José de Almeida, Sois um em Cristo Jesus. Valência: Siquem: São Paulo: Paulinas, 2004, p. 43)
Apesar das feridas causadas pelas divisões e separações, a Igreja, obra excelsa do Espírito, nunca deixou de ser o único povo de Deus, o único Corpo de Cristo, o único sacramento de comunhão com Deus, pois o Espírito, uno e unificador, preserva a unidade da Igreja. A unidade em Cristo se realiza na liberdade e na diversidade. É o Espírito que age no coração dos fiéis e na própria Igreja, fazendo com que todos sejam um, mesmo na multiplicidade, pois é Ele quem gera a comunhão entre os membros do Corpo de Cristo. Além disso, a Igreja é una porque «tem um só Senhor, confessa uma só fé, nasce de um só Batismo, forma um só Corpo, vivificado por um só Espírito, em vista de uma única esperança, no fim da qual serão superadas todas as divisões » (Catecismo da Igreja Católica, São Paulo, 2 ed, 1993, n. 866).
Ademais, a unidade material, expressa na mesa da Eucaristia, confirma a unidade espiritual. Destarte, a unidade que procede de Cristo se realiza na liberdade e na diversidade. É o Espírito que age no coração dos fiéis e na Igreja, fazendo com que todos sejam um só, mesmo na multidão, pois é Ele quem gera a comunhão entre os membros do Corpo de Cristo.
Neste ano, o tema proposto para a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos é: “Crês nisso?” (Jo 11,26), que será celebrada de 1º a 8 de junho de 2025. O tema refere-se ao diálogo de Jesus com Marta, após a morte de Lázaro (Jo 11,1-27), centrado na ressurreição, onde Jesus afirma ser Ele a ressurreição e a vida; por isso, todo aquele que crer nele não morrerá, mas viverá para sempre. No diálogo, Jesus pergunta a Marta se ela crê nisso? Uma pergunta que também nos é dirigida. E, como Marta, somos chamados a responder que cremos (cf. Jo 11,1-27). Ao responder que crê, Marta abraça tudo o que Jesus disse sobre a ressurreição e sobre Ele mesmo. Nós somos convidados a fazer o mesmo.
Enfim, neste ano de 2025, a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos é marcada pelo aniversário de 1700 anos do Concílio Ecumênico de Nicéia 325, que reuniu bispos do Oriente e do Ocidente e foi válido para toda a Igreja. Esse Concílio refletiu sobre a consubstancialidade de Jesus com o Pai e a fé em Jesus, verdadeiro Deus e verdadeiro Homem. Assim, a celebração da Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos, à luz do Concílio de Nicéia, é uma oportunidade para refletir sobre a fé comum dos cristãos, bem como sua permanência e vivência frutuosa em nossos dias. Por isso, é importante rezar uns pelos outros e pela unidade de todos, para que haja um só Pastor e um só rebanho (cf. Jo 10,14-16).
Comunicados:
– Profissão dos Votos Perpétuos do Religioso Marcelo Cardoso dos Santos, que está fazendo o Tirocínio em Santa Cruz De la Sierra Bolívia, dia 05 de julho 19h na Paróquia Sagrado Coração de Jesus na Cidade de Perola D’Oeste. Todos são convidados a participar desse momento de graça, para o Marcelo, para a Congregação e para a Igreja.
– 02 de junho – Aniversário natalício do Pe. Tadeu de Biasio, parabenizamos pelo seu aniversário natalício e que a graça e a bêncão de Deus sejam abundantes em sua vida.
– Nesta Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos desejo uma boa e abençoada Semana a todos.
Fraternalmente,
