Pedi ao dono da messe que mande operários para a sua messe (Mt 9,38). Frase pronunciada por Jesus aos discípulos no seu itinerário de evangelização, no qual percorria cidades e aldeias ensinando nas Sinagogas e outros ambientes, constatando nos encontros com as pessoas, que estavam como que ovelha sem pastor (Mt 9,35-38). Assim, para que se tenha pastores e guias para estar com o povo e caminhar com o próprio povo, Jesus incentiva a oração pelas vocações, um convite que deve ser assumido por todos na Igreja. Além disso, segundo o decreto conciliar Optatam Totius, 1965,n. 2: «dever de fomentar as vocações pertence a toda a comunidade cristã, que as deve promover sobretudo mediante uma vida plenamente cristã; mormente para isso concorrem quer as famílias, que animadas pelo espírito de fé, de caridade e piedade, são como que o primeiro seminário, quer as paróquias, de cuja vida fecunda participam os mesmos adolescentes. Os mestres e todos aqueles que, de algum modo, se ocupam da educação das crianças e dos jovens, principalmente as Associações católicas, de tal forma procurem cultivar o espírito dos adolescentes a si confiados, que eles possam sentir e seguir de bom grado a vocação divina. Os sacerdotes manifestem o máximo zelo em favorecer as vocações; e pela sua própria vida humilde, laboriosa, levada com ânimo alegre, assim como pela mútua caridade sacerdotal e fraterna cooperação, atraiam a alma dos adolescentes para o sacerdócio».
Papa Paulo VI no período da celebração do Concílio Vaticano II (1962-1965), em um viés de diminuição das vocações, em 1964 instituiu para toda a Igreja o dia mundial de oração pelas vocações. Tal jornada é celebrada no quarto domingo da Páscoa, domingo no qual se celebra na liturgia da Palavra Jesus Bom pastor, o “o autêntico pastor” (Jo 10,11), que é guia para suas ovelhas e modelo de zelo para os ministros ordenados exercerem o ministério a serviço dos irmãos, para a edificação da Igreja, a salvação das almas e a promoção do bem comum. Para isso, é necessário rezar pelas vocações, pedindo ao dono da messe que envie operários para a sua messe (Mt 9,38).
Paulo VI além de instituir o dia mundial de oração pelas vocações deu início também a tradição do Papa oferecer uma mensagem anual para motivar a reflexão sobre a temática vocacional. Sendo a Primeira feita como radio mensagem publicada no dia 11 de abril de 1964, a qual tinha como temática “pedi ao dono da messe que envie operários” para a sua Igreja (Mt 9,38), ressaltando na ocasião a importância da família para o surgimento das vocações. Na mensagem de 1970 Paulo VI amplia o leque da dimensão vocacional falando da realidade multiforme de vocações na Igreja. Realidade que exige a criação de ambientes adequados para que surjam e se desenvolvam a diversidade de vocações na Igreja para os diversos ministérios e serviços.
O Papa João Paulo II, por sua vez, na primeira mensagem em ocasião do dia mundial de oração pelas vocações 1979, ofereceu de forma sintética um itinerário para quem tem a missão de ajudar a despertar e acompanhar as vocações. O primeiro ponto do itinerário apontado pelo Papa é rezar pelas vocações, oração essa que o próprio Cristo pediu que se fizesse (Mt 9,38). O Papa convida que se reze nas igrejas, nas famílias e individualmente pelas vocações, em modo que a oração seja o centro da irradiação espiritual e vocacional. Chamar é o segundo ponto que João Paulo II aponta para o despertar vocacional. Para tal todos, em especial os bispos, são exortados a promover as vocações sacerdotais, religiosas e missionárias. Para adimplir tal dever no exercício do múnus de santificar, segundo o Decreto conciliar Christus Dominus (1965) n. 15 os bispos: «fomentem o mais possível as vocações sacerdotais e religiosas, dedicando especial cuidado às vocações missionárias». Porém, o dever de fomentar as vocações não é somente do bispo, mas podemos dizer de cada comunidade e de cada cristão. Isso é possível quando se tem a prática de oração pelas vocações e uma cultura vocacional nas dioceses, paróquias, na congregação, nas famílias e em cada batizado. Responder é o terceiro ponto que João Paulo II assinala para o itinerário vocacional. Sendo a resposta dada por cada um. Na Bíblia são inúmeras as passagens que reportam a resposta positiva ao chamado, destacamos aqui a resposta de Samuel: «fala Senhor que teu servo escuta» (1Sm 3,10), e de Maria, que é a mais emblemática: «aqui tens a escrava do Senhor. Que a sua Palavra se cumpre em mim» (Lc 1,38). Assim, a resposta exige escuta e disponibilidade para responder e perseverar na vocação, pois Deus chama a cada um, deixando livre cada um para responder. Neste sentido segundo João Paulo II: «a verdadeira resposta a toda vocação é obra do amor. A resposta à vocação sacerdotal, religiosa ou missionária poderá brotar somente de um amor profundo por Cristo. E esta força de amor Ele mesmo a oferece, como dom que se vem ajuntar ao dom do seu chamado e torna possível a resposta de vocês» (Papa João Paulo II, Mensagem para o dia mundial de oração pelas vocações, publicada em 6 de janeiro de 1979).
Papa Bento XVI na sua mensagem para o dia mundial de oração pelas vocações em 2006 refletiu sobre a vocação no mistério da Igreja, abordando sobre a eclesialidade da vocação cristã. Para desenvolver a temática cita Ef 1,3-5: «Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que nos abençoou com toda bênção espiritual nos céus, em Cristo. Nele, Deus nos escolheu, antes da fundação do mundo, para sermos santos e íntegros diante dele, no amor. Conforme o desígnio benevolente de sua vontade, ele nos predestinou à adoção como filhos, por obra de Jesus Cristo». A partir da citação Bento XVI ajuda os cristãos a compreender que antes mesmo da criação do mundo e da nossa existência neste mundo, Deus nos escolheu e nos chamou para estar em uma relação filial com Ele por meio de seu Filho Jesus Cristo. O Papa sublinha também que nas diversas gerações Cristo chama diversas pessoas para cuidar do seu povo e que pela oração feita com fervor impulsiona o florescimento das vocações.
Para esse ano de 2025, 62º dia mundial de oração pelas vocações, o Papa Francisco mesmo frágil em sua saúde no hospital nos deixou o tesouro do texto, com a mensagem para a celebração do dia 11 de maio de 2025 de oração pelas vocações, que foi publicado no dia 19 de março de 2025. Nele o Papa ressalta dois pontos: “acolher o próprio caminho vocacional” e “acompanhar o caminho vocacional”. Para maior conhecimento e utilizo do texto do Papa anexo-o no final dessa boa semana. Enfim, convido todos a rezarem e a motivarem as comunidades também a rezarem constantemente pelas vocações, para que floresçam na Igreja e na Congregação um celeiro de vocações.
Comunicados:
Neste dia mundial de oração pelas vocações rendemos graças pela eleição do Papa Leão XIV (Robert Francis Prevost) no dia 08 de maio de 2025. Rezemos que tenha um ministério petrino fecundo, que guie a Igreja para resplandecer a luz de Cristo no mundo. Que também possa ajudar, em especial os jovens, a responder ao chamado de Deus para o discipulado de Jesus e para os diversos ministérios e serviços na Igreja.
14 de maio – Aniversário natalício do Pe. Márcio Campos da Silva, parabenizamos pelo seu aniversário natalício e que a graça e a bêncão de Deus sejam abundantes em sua vida.
15 de maio – Aniversário da ordenação Presbiteral do Pe. Mário Valcamonica, parabenizamos pelo aniversário de ordenação e desejamos um fecundo e abençoado ministério.
Parabenizamos todas as mães pelo seu dia.
Uma boa e abençoada Semana Santa a todos.
Fraternalmente,

Anexo
MENSAGEM DO SANTO PADRE FRANCISCO PARA O LXII DIA MUNDIAL DE ORAÇÃO PELAS VOCAÇÕES
(11 de maio de 2025 – IV Domingo da Páscoa)
Peregrinos de esperança: o dom da vida
Queridos irmãos e irmãs!
Neste LXII Dia Mundial de Oração pelas Vocações, desejo dirigir-vos um alegre e encorajador convite a serdes peregrinos de esperança, doando generosamente a vida.
A vocação é um dom precioso que Deus semeia nos corações, uma chamada a sair de si mesmo para trilhar um caminho de amor e serviço. E cada vocação na Igreja – seja laical, seja ao ministério ordenado, seja à vida consagrada – é sinal da esperança que Deus nutre pelo mundo e por cada um dos seus filhos.
Neste nosso tempo, muitos jovens sentem-se perdidos face ao futuro. Frequentemente vivem na incerteza quanto às perspectivas de emprego e, lá no fundo, experimentam uma crise de identidade que é uma crise de sentido e de valores, que a confusão digital torna ainda mais difícil de atravessar. A injustiça para com os fracos e os pobres, a indiferença do bem-estar egoísta e a violência da guerra ameaçam os projetos de vida boa que cultivam no seu íntimo. Contudo, o Senhor, que conhece o coração do homem, não nos abandona na insegurança; pelo contrário, quer suscitar em cada um a consciência de ser amado, chamado e enviado como peregrino de esperança.
Por isso, nós, membros adultos da Igreja, especialmente os pastores, somos convidados a acolher, discernir e acompanhar o caminho vocacional das novas gerações. E vós, jovens, sois chamados a ser nele protagonistas, ou melhor, coprotagonistas com o Espírito Santo, que suscita em vós o desejo de fazer da vida um dom de amor.
Acolher o próprio caminho vocacional Queridos jovens, «a vossa vida não é “entretanto”; vós sois o agora de Deus» (Exort. ap. póssinodal Christus vivit, 178). É necessário tomar consciência de que o dom da vida exige uma resposta generosa e fiel. Olhai para os jovens santos e beatos que responderam com alegria à chamada do Senhor: Santa Rosa de Lima, São Domingos Sávio, Santa Teresa do Menino Jesus, São Gabriel de Nossa Senhora das Dores, os Beatos – que em breve serão Santos – Carlo Acutis e Pier Giorgio Frassati, e muitos outros. Cada um deles viveu a vocação como um caminho para a felicidade plena, na relação com Jesus vivo. Quando escutamos a sua palavra, o nosso coração arde (cf. Lc 24, 32) e sentimos o desejo de consagrar a vida a Deus! Desejamos, por isso, descobrir de que modo, em que forma de vida é possível retribuir o amor que Ele primeiro nos dá.
Toda a vocação, sentida na profundidade do coração, faz germinar uma resposta como impulso interior ao amor e ao serviço, como fonte de esperança e caridade e não como busca de autoafirmação. Vocação e esperança entrelaçam-se, portanto, no projeto divino pela alegria de cada homem e mulher, todos eles chamados em primeira pessoa a oferecer a sua vida pelos outros (cf. Exort. ap. Evangelii gaudium, 268). São muitos os jovens que procuram conhecer o caminho que Deus os chama a percorrer: alguns constatam – muitas vezes com surpresa – a vocação ao sacerdócio ou à vida consagrada; outros descobrem a beleza da chamada ao matrimónio e à vida familiar, bem como ao empenho pelo bem comum e ao testemunho da fé entre colegas e amigos.
Toda a vocação é animada pela esperança, que se traduz em confiança na Providência. Com efeito, para o cristão, ter esperança é mais do que um simples otimismo humano: é antes uma certeza enraizada na fé em Deus, que age na história de cada pessoa. E, deste modo, a vocação amadurece através do compromisso quotidiano de fidelidade ao Evangelho, na oração, no discernimento e no serviço.
Queridos jovens, a esperança em Deus não engana, porque Ele guia os passos de quem a Ele se entrega. O mundo precisa de jovens peregrinos de esperança, corajosos em dedicar a sua vida a Cristo, cheios de alegria por serem seus discípulos-missionários.
Discernir o próprio caminho vocacional
A descoberta da própria vocação passa por um caminho de discernimento. Este percurso nunca é solitário, mas desenvolve-se no seio da comunidade cristã e com ela.
O mundo, queridos jovens, induz-vos a fazer escolhas precipitadas e a encher os dias de barulho, impedindo a experiência de um silêncio aberto a Deus, que fala ao coração. Tende a coragem de parar, de escutar dentro de vós e de perguntar a Deus o que Ele sonha para vós. O silêncio da oração é indispensável para “interpretar” a chamada de Deus na própria história e para dar uma resposta livre e consciente.
O recolhimento permite compreender que todos podemos ser peregrinos de esperança se fizermos da nossa vida um dom, especialmente ao serviço daqueles que habitam as periferias materiais e existenciais do mundo. Quem se põe a escutar Deus que chama não pode ignorar o grito de tantos irmãos e irmãs que se sentem excluídos, feridos e abandonados. Cada vocação abre para a missão de ser presença de Cristo onde mais se sente necessidade de luz e consolação. Em particular, os fiéis leigos são chamados a ser “sal, luz e fermento” do Reino de Deus, através do empenho social e profissional.
Acompanhar o caminho vocacional
Nesse horizonte, os agentes pastorais e vocacionais, especialmente os conselheiros espirituais, não tenham medo de acompanhar os jovens com a esperançosa e paciente confiança da pedagogia divina. Trata-se de ser para eles pessoas capazes de escuta e respeitoso acolhimento; pessoas em quem podem confiar, guias sábios, disponíveis para os ajudar e atentos a reconhecer os sinais de Deus no seu caminho.
Exorto, portanto, a que se promova o cuidado da vocação cristã nos vários campos da vida e da atividade humana, favorecendo a abertura espiritual de cada pessoa à voz de Deus. Para este fim, é importante que os itinerários educativos e pastorais contemplem espaços adequados para o acompanhamento das vocações.
A Igreja precisa de pastores, religiosos, missionários e esposos que, com confiança e esperança, saibam dizer “sim” ao Senhor. A vocação nunca é um tesouro que fica fechado no coração, mas cresce e fortalece-se na comunidade que crê, ama e espera. E como ninguém pode responder sozinho à chamada de Deus, todos temos necessidade da oração e do apoio dos nossos irmãos e irmãs.
Caríssimos, a Igreja é viva e fecunda quando gera novas vocações. E o mundo, muitas vezes inconscientemente, procura testemunhas de esperança que anunciem com a vida que seguir Cristo é fonte de alegria. Por isso, não nos cansemos de pedir ao Senhor novos operários para a sua messe, certos de que Ele continua a chamar com amor. Queridos jovens, confio o vosso seguimento de Jesus à intercessão de Maria, Mãe da Igreja e das vocações. Caminhai sempre como peregrinos de esperança no caminho do Evangelho! Acompanho-vos com a minha bênção e peço-vos que rezeis por mim.
Roma, Policlínico Gemelli, 19 de março de 2025.
FRANCISCO