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Carta Circular – AGOSTO 2025

Superior geral, Pe. Rogério Diesel, CSCh, escreve uma reflexão que convida cada um de nós a redescobrir o seu lugar no sonho de Deus.

Vocação: chamado de Deus e resposta humana

Caros confrades e leigos,

Celebramos, de 16 a 28 de julho, o XXXVI Capítulo Geral da Congregação, um momento fecundo de encontro com a história, o carisma e a vida do Instituto Cavanis. Esta ocasião foi também uma oportunidade preciosa para renovar a esperança e o compromisso de tornar a própria vida sempre mais fecunda, assim como a daqueles a quem servimos como Cavanis.

Foi, igualmente, um tempo propício para refletir sobre a vocação pessoal de cada um, sobre as vocações já presentes no Instituto e sobre aquelas futuras, que Deus continua a suscitar de modo especial para a nossa família Cavanis. Para que isso aconteça, é necessário escutar, acompanhar e apoiar os jovens, ajudando-os a reconhecer e responder ao chamado vocacional, e a perseverar com fidelidade no caminho que Deus lhes propõe.

Deus chama quem Ele quer, como um gesto de amor. A vocação nasce do amor e conduz ao amor. Como afirmou São João Paulo II:

“O homem não pode viver sem amor. Ele permanece para si próprio um ser incompreensível, e a sua vida é destituída de sentido, se não lhe for revelado o amor, se não se encontrar com o amor, se não o experimentar e não o tornar algo seu, se nele não participar vivamente”

(Redemptor Hominis, 1979, n. 10).

A vocação qualifica bem a relação entre Deus e o ser humano, fundada na liberdade e no amor, pois “toda vida é vocação” (Paulo VI, Populorum Progressio, 1967, n. 15). Além disso, a dignidade humana é enriquecida pela vocação à comunhão com Deus (cf. Gaudium et Spes, 1965, n. 19). Por isso, para responder ao chamado divino, não é necessário que a pessoa já seja perfeita, mas que esteja disposta a crescer e a permitir a ação de Deus em sua vida.

A voz do chamado se manifesta tanto na dimensão interior quanto na exterior:

  • Interiormente, é a ação do Espírito Santo que faz o coração pulsar de forma diferente, despertando o desejo de escutar e responder à vocação, que é dom de Deus.
  • Exteriormente, o chamado pode ser percebido pela escuta da Palavra de Deus, pela participação na vida da Igreja ou por meio de pessoas que se tornam instrumentos de Deus.

Cada vocação é, ao mesmo tempo, um evento pessoal e comunitário, pois ninguém é chamado a caminhar sozinho. A vocação é suscitada pelo Senhor como dom para a Igreja e para o seu serviço. Aqueles que respondem ao chamado do Senhor recebem a missão de ser sal da terra e luz do mundo (cf. Mt 5,13-14), tornando-se verdadeiros construtores de esperança.

Toda a Igreja é enriquecida por uma diversidade de vocações. O despertar e o cuidado com as vocações não dependem apenas da esfera pessoal, mas, sobretudo, da dimensão comunitária. Assim, todo o povo de Deus é chamado a colaborar no cultivo das vocações.

Nesse sentido, o Decreto Optatam Totius do Concílio Vaticano II (n. 2) afirma:

“O dever de fomentar as vocações pertence a toda a comunidade cristã, que deve promovê-las, sobretudo, mediante uma vida plenamente cristã.”

É por meio da oração e do testemunho de uma vida autenticamente cristã que se incentiva tanto o chamado quanto a resposta generosa e a perseverança vocacional.

A vocação é um grande mistério de fé e uma graça incomensurável. Por isso, deve ser apresentada como um convite pessoal a seguir Cristo, entregando-se totalmente a Ele no serviço à Igreja. Trata-se de um compromisso sério, que exige disponibilidade, abertura interior e uma resposta que nasce do profundo amor por Cristo. Para tanto, é essencial criar e favorecer as condições necessárias para que os jovens possam escutar a voz de Deus que os chama.

A vocação cristã tem seus fundamentos nos Sacramentos da Iniciação — Batismo, Confirmação e Eucaristia — que tornam a pessoa membra da Igreja, iluminada pela ação e os dons do Espírito Santo e alimentada com o Corpo de Cristo. É necessário, portanto, rezar ao dono da messe para que envie operários, pois somente pela oração o chamado pode ser ouvido e, como consequência, a resposta pode ser dada.

Na diversidade dos chamados, ocupam lugar distinto os sacerdotes, convocados a servir a Igreja por meio do ministério ordenado. De igual modo, têm posição particular aqueles chamados à Vida Religiosa, na qual o religioso se propõe a seguir Cristo casto, pobre e obediente, oferecendo inteiramente sua vida ao serviço da Igreja e ao anúncio do Evangelho.

As vocações sacerdotais e religiosas são um dom precioso para a Igreja e para o mundo, pois expressam o seguimento radical de Cristo por meio da consagração — seja no ministério ordenado, seja na vivência do carisma de cada Instituto. Ambas as vocações têm por finalidade fazer de Cristo o ponto de partida e de chegada na vida das pessoas, pois Ele é o Caminho, a Verdade e a Vida (cf. Jo 14,6).

Também os leigos têm um lugar privilegiado no chamado para servir a Igreja no sacerdócio comum (cf. Lumen Gentium, n. 10) e na diversidade de ministérios. Segundo a Exortação Apostólica Evangelii Nuntiandi de Paulo VI (n. 73):

“Os leigos podem também sentir-se chamados ou vir a ser chamados para colaborar com os próprios Pastores ao serviço da comunidade eclesial, para o crescimento e a vida da mesma, pelo exercício dos ministérios muito diversificados, segundo a graça e os carismas que o Senhor houver por bem depositar neles.”

Outrossim, toda vocação na Igreja é dom de Deus. Por isso, é fundamental intensificar a oração pelas vocações e promover uma autêntica cultura vocacional.

São João Paulo II afirmou:

“Cada cristão colaborará realmente na promoção de uma cultura das vocações se souber empenhar sua mente e seu coração no discernimento do que é bom para o homem, isto é, se souber discernir com espírito crítico as ambiguidades do progresso, os pseudo-valores, as ciladas das coisas artificiosas que algumas civilizações fazem brilhar diante dos nossos olhos.”

(Mensagem para o 30º Dia Mundial de Oração pelas Vocações, 2 de maio de 1993).

Criar uma cultura vocacional nas escolas, nas paróquias e nas obras onde atuamos favorecerá o despertar do chamado e a resposta generosa e fiel do cristão batizado ao seguimento de Cristo.

Nesse caminho, Maria é exemplo sublime, pois respondeu com prontidão ao chamado de Deus para ser a Mãe do Verbo Encarnado (cf. Jo 1,14), colocando-se inteiramente à disposição de Deus ao dizer:

“Eis aqui a serva do Senhor. Faça-se em mim segundo a tua palavra” (Lc 1,38).

Por isso, Maria é invocada como Mãe das Vocações.

Assim, intensifiquemos nossas orações e ações em favor das vocações religiosas, sacerdotais e leigas, para que o Senhor continue a chamar e a enviar abundantes operários para a sua messe (cf. Mt 9,38). Além disso, é fundamental que cada comunidade Cavanis busque, com criatividade e compromisso, as melhores formas de promover a cultura vocacional e de acompanhar com zelo aqueles que se sentem chamados.

Aproveito a ocasião para agradecer a todos pelas orações feitas em prol da celebração do Capítulo Geral e pedir que continuem rezando pelo progresso do Instituto e seus membros, para que continuem sendo fermento na massa, sobretudo na educação das mentes e dos corações de jovens e crianças.

Fraternalmente,

Roma, 2 de agosto de 2025 – Dia Cavanis

PADRE ROGÉRIO DIESEL C.S.Ch. – Superior geral