As palavras do Salmo 118 (119), 105 «Tua Palavra é lâmpada para os meus pés e luz para o meu caminho», ajudam a compreender a importância da Palavra de Deus na vida do cristão, pois ela ilumina o caminho por onde ele deve seguir para perseverar na Sequela Christi e produzir muitos frutos (cf. Jo 15,16) de amor e bondade (cf. Gl 5,22). Porque a Palavra de Deus é viva e eficaz (Hb 4,12) a Igreja a venera como venera o Corpo de Cristo (cf Dei Verbum, n. 21), pois ambas alimentam o fiel na sua vida espiritual e litúrgica para perseverar nas virtudes teologais, da fé porque é revelação de Deus e dos seus desígnios, da esperança, porque nela formos salvos (cf. Rm 8,24), do amor, porque é regra de vida e do permanecer em Deus. Pois, Ele «é amor e quem permanece no amor permanece em Deus e Deus nele (1Jo 4,16).
Papa João Paulo II escrevendo aos religiosos na Exortação Apostólica Vita Consecrata (1996) n. 94 sublinha que a Palavra de Deus é fonte da vida espiritual cristã e, ao mesmo tempo, é sustentáculo para o relacionamento com Deus, para compreender e realizar a sua vontade. Também frisa que a meditação da Sagrada Escritura é um grande valor para a vida espiritual, porque sua meditação ajuda a conhecer as maravilhas que Deus opera em nosso favor e nos levam a partilhar as maravilhas oriundas da Palavra de Deus, que favorece o crescimento espiritual e uma atuação evangelizadora fecunda na Igreja e no mundo.
Para nós cristões o conhecimento da Palavra de Deus deve nos levar a colocá-la em prática. O evangelho de Mt 7,24 sublinha que: «quem escuta estas minhas palavras e as põe em prática parece-se com um homem prudente que construiu a casa sobre rocha». Além disso, é importante termos presente que «toda Escritura é inspirada e útil para ensinar, repreender, encaminhar e instruir na justiça» (2Tm 3,16).
São Jerônimo afirmava que «ignorar as escrituras é ignorar Cristo» (Dei Verbum, n. 25), pois «toda a Escritura divina fala de Cristo, e toda Escritura divina se cumpre em Cristo » (Catecismo da Igreja Católica, n. 134), destarte Ele é o Verbo que se fez carne e habitou entre nós (Jo 1,14, Ele é a Sabedoria e o poder de Deus. Os padres Conciliares ressaltam na Dei Verbum «que a leitura da Sagrada Escritura deve ser acompanhada de oração para que seja possível o diálogo entre Deus e o homem; porque a Ele falamos, quando rezamos, a Ele ouvimos, quando lemos os divinos oráculos». Para isso requer-se uma leitura atenta e orante da Sagrada Escritura, tendo ao mesmo tempo humildade e disponibilidade para se deixar iluminar por ela para trilhar um caminho de perfeição na vida cristã.
Assim, quem exerce o ministério da transmissão da Palavra de Deus é convidado a ler assiduamente a Sagrada Escritura, acompanhada da oração, que é diálogo de Deus com o ser humano, que responde rezando. «Neste diálogo com Deus, compreendemo-nos a nós mesmos e encontramos resposta para as perguntas mais profundas que habitam no nosso coração. De fato, a Palavra de Deus não se contrapõe ao homem, nem mortifica os seus anseios verdadeiros; pelo contrário, ilumina-os, purifica-os e realiza-os» (Verbum Domini, n. 23). Assim, pela leitura da Palavra somos inseridos no diálogo com Deus, que nos ensina a dialogar constantemente, para responder a Ele pautando a vida segundo seus preceitos, para confiar toda a vida a Cristo (cf. Verbum Domini, n. 24-25), que é Caminho, Verdade e Vida (Jo 14,6).
Neste mês de setembro nos esforcemos para ler a Sagrada Escritura, para fazer dela sustentáculo da vida espiritual e missionária, com especial atenção ao Livro de Ezequiel que a Igreja nos convida a lê-lo e meditá-lo.
Fraternalmente,
Padre Rogério Diesel, CSCh – Superior provincial
