O Concílio de Nicéia foi convocado pelo imperador Constantino no ano 325. Se fizeram presente “318” padres (bispos) e legados do Bispo de Roma, o Papa, que se reuniram na Cidade de Nicéia, hoje Iznik na Turquia, de 19 julho a 25 de agosto de 325 segundo Denzinger – Hünermann, Compêndio dos símbolos, definições e declarações de fé, São Paulo, 2007, p. 50. Já Comissão Teológica Internacional no primeiro número no documento Jesus Cristo, Filho de Deus, Salvador. 1700o aniversário do Concílio Ecumênico de Nicéia, menciona que: «no dia 20 de maio de 2025, a Igreja Católica e todo o mundo cristão recordam a abertura do Concílio de Nicéia em 325». (Comissão Teológica Internacional, Jesus Cristo, Filho de Deus, Salvador. 1700o aniversário do Concílio Ecumênico de Nicéia 325-2025, n. 1, in ULR: < https://www.vatican.va/roman_curia/congregations/cfaith/cti_documents/rc_cti_doc_20250403_1700-nicea_po.html#_ftn4>. Citado de agora em diante: Comissão Teológica Internacional, Jesus Cristo, Filho de Deus, Salvador). O Concílio de Nicéia, válido para tota a Igreja foi o primeiro celebrado na história. Assim, é significativo para toda a Igreja, que em 20 de maio de 2025 se celebrasse a memória e o aniversário desse importante acontecimento histórico da Igreja e da fé cristã. Pois, «o Símbolo de Nicéia professa a boa nova da salvação integral dos seres humanos pelo próprio Deus, em Jesus Cristo» (Comissão Teológica Internacional, Jesus Cristo, Filho de Deus, Salvador, 1).
A celebração de um Concílio Ecumênico marca uma dimensão muito importante para a Igreja, isto é, a sinodalidade, a qual é caracterizada pela escuta, a reflexão conjunta e o discernimento da ortodoxia, a qual favorece a missão de ensinar da Igreja. O ponto relevante de Nicéia é a unidade de Deus. O Concílio afirma a divindade do Filho, Jesus.
O concílio de Nicéia, com a presença de 318 padres combateu a heresia Ariana, a qual defendia que, sendo Deus, por definição, o transcendente, segue-se que Jesus não é Deus, mas um Logos intermediário entre Deus e os homens. Ele está acima de todos os homens, mas abaixo de Deus. Heresia que foi condenada em Nicéia.
O Concílio respondeu afirmando que Jesus é, sim, o Verbo de Deus encarnado, Jesus é consubstancial (homoousios omoousion) ao Pai; tem a mesma substância (natureza) que o Pai. Portanto, esse concílio define a divindade de Jesus. Com isso, rechaça o subordinacionismo radical do filho em relação ao Pai. Da outra parte, mostra que Deus não pode ser pensado na solidão, a unidade de Deus trino é algo próprio e específico, onde o senhorio de Deus se manifesta na comunhão. O ponto relevante de Nicéia é a unidade de Deus. «A escolha do termo homoousios é feita precisamente para proteger o carácter monoteísta da fé cristã: em Deus, não há outra realidade que não seja a realidade divina. O Filho e o Espírito não são outra coisa senão o próprio Deus, e não seres intermediários entre Deus e o mundo ou meras criaturas». (Comissão Teológica Internacional, Jesus Cristo, Filho de Deus, Salvador, n. 19
A respeito da fé cristã a Comissão Teológica Internacional sublinha que: «um dos contributos centrais de Nicéia é a definição da divindade do Filho em termos de consubstancialidade: o Filho é “consubstancial” (homoousios) com o Pai, “gerado do Pai”, “isto é, da substância do Pai” . A geração do Filho é algo diferente da criação, porque é uma comunicação da substância única do Pai. O Filho não é apenas plenamente Deus como o Pai, mas de uma substância numericamente idêntica à sua, pois não há divisão no Deus único. Em outras palavras: o Pai dá tudo ao Filho, segundo a lógica de uma vida divina, que é agapē e que ultrapassa sempre o que a mente humana pode conceber» (Comissão Teológica Internacional, Jesus Cristo, Filho de Deus, Salvador, n. 15).
Jesus se encarnou no seio da Virgem Maria pelo poder do Espírito Santo. Assim, é Deus e homem, sendo deste modo consubstancial ao Pai e a nós seres humanos, sendo semelhante a nós menos no pecado Hb. 4,15. Por isso, «só Ele é a comunhão do ser humano com o Pai. Só Ele é o Salvador de todos os seres humanos de todos os tempos. Nenhum outro ser humano pode sê-lo, antes ou depois dele. A comunhão perfeita e inaudita entre Deus e os seres humanos foi realizada em Cristo, para além de qualquer forma de realização que o próprio ser humano possa imaginar» (Comissão Teológica Internacional, Jesus Cristo, Filho de Deus, Salvador, n. 22).
Com a encarnação, Deus deu-se a conhecer a nós, possibilitando, assim, que participássemos de sua condição. A Constituição Dogmática Dei Verbum, no número 3, afirma que, com Cristo, a revelação atinge sua plenitude, pois o Verbo foi enviado pelo Pai. A encarnação é o auge do diálogo de Deus com o ser humano. Pela encarnação de Jesus, Deus salva a humanidade, entrando na história humana e revelando, ao mesmo tempo, o Pai e o Espírito Santo. «Na Encarnação, na vida, na Paixão, na Ressurreição e na Ascensão ao Céu do Verbo consubstancial ao Pai, testemunhadas na Sagrada Escritura e na fé da Igreja Apostólica, Deus semper major oferece, por sua própria iniciativa, um conhecimento e um acesso a si mesmo que só Ele pode dar, e que estão, eles próprios, para além do que os seres humanos podem imaginar e até esperar» (Comissão Teológica Internacional, Jesus Cristo, Filho de Deus, Salvador, n. 72).
Com Nicéia a dimensão doutrinária da Igreja não fica relativa a uma igreja local, ou uma região, que celebrava localmente os sínodos e depois enviava as atas às “outras igrejas” (dioceses), com Nicéia as decisões são tomadas em conjunto no sentido de uma Igreja universal. As decisões e a profissão de fé foram promulgadas para toda a Igreja (cf. Comissão Teológica Internacional, Jesus Cristo, Filho de Deus, Salvador, nn. 98; 101). Também a acolhida das resoluções do Concílio foi favorecida pelo Imperador Constantino, que pela unidade da fé, tinha em consequência favorecida a unidade do império.
O Concílio de Nicéia resolveu conflitos dogmáticos cristológicos e trinitários relacionados à verdade salvífica, que favorece a adesão à salvação. Isso porque a verdade sobre Cristo deve ser acessível e compreensível ao discípulo de Jesus, de modo que, pela fé, ele possa seguir Jesus, caminho, verdade e vida (Jo 14,6). O símbolo da fé (Credo) de Nicéia tem como objetivo guardar o depósito da fé transmitido pelos Apóstolos (1Tm 6,20), pois a clareza da doutrina ajuda a manter viva a fé, mesmo diante dos regionalismos culturais e das mudanças dos tempos (cf. Comissão Teológica Internacional, Jesus Cristo, Filho de Deus, Salvador, nn. 103-116). Neste sentido «a comemoração dos 1700 anos do Concílio de Niceia é um convite à Igreja para redescobrir permanentemente o tesouro que lhe foi confiado e dele tirar proveito para o partilhar com alegria, num impulso novo, aliás, numa “nova etapa da evangelização» (Comissão Teológica Internacional, Jesus Cristo, Filho de Deus, Salvador, n. 121).
O ano de 2025 é uma oportunidade das diversas tradições se enriquecerem no caminho ecumênico e celebrar juntos a fé em Jesus, também é uma oportunidade para discernir a data da páscoa, tanto para o Oriente como para o Ocidente, que foi um dos temas discutidos em Nicéia. Neste sentido a Comissão Teológica Internacional sublinha que: «note-se a importância que o mundo oriental atribui aos elementos estabelecidos na posteridade de Nicéia para determinar a data da Páscoa: ela deve ser celebrada “no primeiro domingo após a lua cheia que se segue ou coincide com o equinócio da primavera”. O domingo evoca a ressurreição de Cristo no primeiro dia da semana, enquanto a lua cheia a seguir ao equinócio da primavera recorda a origem judaica da festa, o 14 de Nissan, mas também a dimensão cósmica da ressurreição, uma vez que o equinócio da primavera evoca o momento em que a duração do dia prevalece sobre a da noite e a natureza revive depois do inverno» (Comissão Teológica Internacional, Jesus Cristo, Filho de Deus, Salvador, n. 46).
Enfim, a celebração do aniversário do Concílio de Nicéia ocorrerá dentro de outra celebração importante, a do jubileu ordinário de 2025, pelo qual somos animados pela esperança que não decepciona. A celebração desses dois eventos é um convite aos cristãos a se unirem em oração e louvar a Santíssima Trindade, na qual somos chamados a viver a comunhão eclesial e a fraternidade cristã professando a mesma fé no Deus vivo e verdadeiro. Neste sentido, «os Padres conciliares quiseram iniciar aquele Símbolo empregando pela primeira vez a expressão «Nós cremos», testemunhando que, naquele «Nós», todas as Igrejas se encontravam em comunhão e todos os cristãos professavam a mesma fé» (Papa Francisco, Spes non confundit, n. 17, 2024,in ULR: < https://www.vatican.va/content/francesco/pt/bulls/documents/20240509_spes-non-confundit_bolla-giubileo2025.html>). Assim, juntos somos chamados a viver e a testemunhar a fé em Jesus que é amor, caminho, verdade e vida (Jo 14,6).
Comunicados:
– Na reunião do Prepósito Geral com seu Conselho de 15 a 20 de maio foi ratificado o pedido para a Profissão dos Votos Perpétuos do Religioso Marcelo Cardoso dos Santos, que está fazendo o Tirocínio em Santa Cruz De la Sierra Bolívia. Com alegria recebemos esta notícia e pedimos que Deus continue abençoando e iluminando a vida e a vocação do Marcelo Cardoso.
– 30 de maio – Aniversário natalício do Religioso Deivis Rafael Rivera Vizcaíno, parabenizamos pelo seu aniversário natalício e que a graça e a bênção de Deus sejam abundantes em sua vida.
Uma boa e abençoada Semana a todos.
Fraternalmente,
